A polarização ideológica entre direita e esquerda, fenômeno que ocorre atualmente em muitos países, parece mostrar sinais de fadiga na sociedade brasileira. Esta divisão é real e influencia o posicionamento político de cada um(a), no entanto, é uma realidade complexa e variada.
Vejam: às vezes, uma pessoa pode abraçar valores de direita e de esquerda ao mesmo tempo, dependendo do tema. Dentre tantos exemplos, uma pessoa pode ser a favor das políticas de distribuição de renda (esquerda) e ser contra a descriminalização do uso de substâncias psicoativas (direita), ou vice-versa.
De fato, a polarização entre direita e esquerda tende a ser menos intensa nas eleições para os governos locais (Prefeitos) que para os governo regionais (Governadores) ou central (Presidente).
A explicação do porquê isso acontece também não é simples e única, mas isso ocorre em parte porque vários problemas concretos que afetam mais diretamente o cotidiano das pessoas acontecem nos locais onde elas moram.
Como alternativa à polarização ideológica entre esquerda e direita nas próximas eleições municipais proponho que se faça uma polarização entre políticos visionários e retrógrados.
Considero um político visionário alguém dotado da capacidade de imaginar e planejar o futuro com criatividade e inovação. É uma liderança que consegue equilibrar desafios cotidianos e demandas urgentes com o pensamento estratégico voltado para melhoria da qualidade da vida das pessoas que moram e trabalham na Cidade no presente e também das próximas gerações.
Isso quer dizer que um político visionário é capaz de propor soluções para problemas imediatos e, ao mesmo tempo, planejar e executar ações que deixarão legados positivos no presente e para o futuro da cidade.
O político retrógrado, por sua vez, é um tipo de liderança que normalmente já exerceu algum poder e nunca aceitará de fato mudanças estruturais ou inovações porque é apegado ao passado ao qual quer retornar.
Sua atitude impede o progresso e leva à estagnação, além de deixar como legados para a Cidade problemas sociais urbanísticos, econômicos, ambientais, etc.
Pode ser um velho ou um jovem, porque a atitude retrógrada na política não tem idade, como prova a atuação de certos jovens retrógrados investidos de mandatos, porém, o político retrógrado será sempre um demagogo porque inevitavelmente tentará se apresentar como alternativa de mudança, ou seja, uma novidade, apelando com discursos inflamados às emoções, aos preconceitos e à ignorância das pessoas quanto ao verdadeiro caráter de seu pensamento e de seu passado político.
Por ser um demagogo, o político retrógrado é também um oportunista que mudará suas posições e tomará decisões baseadas em conveniências pessoais, sem considerar qualquer princípio ético ou planejamento de longo prazo.
Enfim, nas próximas eleições vamos conhecer melhor as lideranças políticas que se apresentam e investir na polarização entre visionários e retrógrados!
Antonio Rodrigues do Nascimento
Advogado, professor de Direito e
Secretário de Finanças e Planejamento de Taboão da Serra
Mín. 16° Máx. 36°