Quando falamos sobre a preservação da história e da identidade de Taboão da Serra, é impossível não mencionar o nome de Waldemar Gonçalves. Jornalista pioneiro, escritor e autor do hino oficial do município, Waldemar foi muito mais do que um cronista do tempo, ele foi um verdadeiro guardião da memória local.
Sua dedicação à cidade pode ser medida não apenas por suas palavras, mas por seu compromisso em eternizar as raízes e a trajetória de um povo. Graças a ele, grande parte do que sabemos hoje sobre os primórdios de Taboão da Serra foi registrada com zelo, carinho e um olhar apaixonado pela terra que o acolheu.
Waldemar é autor de duas obras fundamentais para a historiografia do município: “Taboão da Serra, sua história e sua gente” e “Taboão da Serra na virada do milênio”. Os livros não são apenas compilações de datas e fatos, mas verdadeiros testemunhos de quem viveu e acompanhou de perto as transformações da cidade.
Mas talvez sua contribuição mais afetiva tenha sido a composição do hino oficial de Taboão da Serra. Com versos que exaltam o amor pelo município, o hino destaca que, apesar de pequeno em território, Taboão está “inteirinho no coração” de seu povo. A canção fala de um povo “gentil” e de um lugar “lindo querido”, reforçando a identidade acolhedora e afetiva da cidade.
Um dos trechos mais marcantes presta homenagem direta a um dos principais símbolos locais: "Também tem no alto do morro / De braços abertos / Nosso Cristo Redentor."
Outro marco de sua atuação foi o jornal O Pirajuçara, fundado e dirigido por Waldemar entre 1978 e 1993. Foi o primeiro e único periódico da região a contar com parque gráfico próprio, instalado na região do Pazzini, próximo ao atual Cristo Redentor de Taboão, monumento que ele tanto valorizava e imortalizou em sua letra.
O Pirajuçara cumpriu um papel essencial ao documentar, denunciar, informar e refletir a realidade da cidade em um período de grandes transformações. Muito mais que um jornal, foi um espelho do cotidiano da população taboanense.
Na foto, Waldemar aparece segurando um exemplar do Jornal SP Repórter, entregue com orgulho pelo jornalista Charles Eliseu, ainda criança, na redação do jornal. Mais do que um gesto simbólico, aquele momento representa a ponte entre gerações de jornalistas e a continuidade de um trabalho iniciado com coragem e paixão.
Waldemar foi também um grande amigo do editor do SP Repórter, Elizeu Teixeira Filho, com quem trabalhou por alguns anos. A chegada de Elizeu à região, aliás, se deu por um convite de Waldemar, feito por carta, enviada diretamente a Minas Gerais.
Waldemar Gonçalves faleceu em junho de 2007, mas seu legado permanece vivo em cada rua, livro, jornal ou nota musical que carrega um pedaço da alma taboanense. Em 2016, a Câmara Municipal disponibilizou o hino de Taboão da Serra em versão online, com uma nova gravação feita especialmente para as comemorações do 57º aniversário de emancipação da cidade.
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