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Veja a história de Nilton Santos, o melhor lateral-esquerdo de todos os tempos

Bicampeão do mundo marcou época na ala canhota da Seleção Brasileira e no Botafogo

17/05/2020 às 22h51
Por: Por Elizeu Teixeira Filho, do Jornal SP Repórter Fonte: CBF
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Lateral-esquerdo foi um dos maiores jogadores da história da Seleção Brasileira. Foto: Acervo da CBF
Lateral-esquerdo foi um dos maiores jogadores da história da Seleção Brasileira. Foto: Acervo da CBF

Em um tempo em que laterais eram apenas defensores que atuavam pelos lados do campo, Nilton Santos foi mais do que um craque. Foi, acima de tudo, um revolucionário. Expoente primeiro do que se consolidou como o típico lateral moderno, ele marcou época não só com a Seleção Brasileira mas também no futebol mundial.

A "Enciclopédia do Futebol", como ficou conhecido durante a carreira, conquistou duas Copas do Mundo: em 1958 e 1962. É, até hoje, um dos jogadores que mais vestiu a camisa da Seleção, que defendeu em quatro Mundiais. A trajetória de sua brilhante e vitoriosa carreira será contada nesta edição do #TBTdaAmarelinha.

Nilton Santos (1925-2013)

Lateral-esquerdo da Seleção Brasileira
Jogos: 86
Gols: 4
Títulos: Copa do Mundo (1958 e 1962), Sul-Americano (1949), Taça Oswaldo Cruz (1950, 1955, 1961 e 1962), Copa Rio Branco (1950), Jogos Pan-Americanos (1952), Taça Bernardo O'Higgins (1955 e 1961) e Taça do Atlântico (1956 e 1960)

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O início pela Seleção

Nilton Santos começou sua carreira pelo Botafogo na parte final da década de 40. Não demorou para que seu futebol chamasse a atenção da Seleção Brasileira. Em 1949, foi convocado pela primeira vez por Flávio Rodrigues Costa, para a disputa do Sul-Americano daquele ano.  Campeão do torneio continental, Nilton conquistou seu espaço na Seleção e foi convocado para a Copa do Mundo de 1950, no Brasil. Sem entrar em campo, fez parte do grupo vice-campeão mundial, que perdeu a final para o Uruguai, no Maracanã. No mesmo ano, conquistou a Taça Oswaldo Cruz e a Copa Rio Branco.

No caminho para a Copa do Mundo de 1954, na Suíça, Nilton Santos conquistou a vaga de titular da Seleção Brasileira. Foi no Mundial de 54 que o lateral fez sua primeira partida de Copa com a camisa da Seleção. Foi titular na vitória por 5 a 0 sobre o México e no empate com a Iugoslávia, por 1 a 1. No terceiro jogo, sofreu sua primeira e única derrota (dentro de campo) em um jogo de Mundial: 4 a 2 para a Hungria, nas quartas de final.

O bicampeonato mundial

Já mais experiente, Nilton Santos chegou à Suécia como dono da lateral direita. Na Copa do Mundo de 1958, ele estava destinado a provar seu valor com a Amarelinha. E começou logo pelo primeiro jogo. Na estreia diante da Áustria, foi dele o segundo gol da Seleção, em um movimento até então incomum para os laterais da época. Como elemento surpresa, Nilton Santos entrou na área austríaca e deu um leve toque por cobertura sobre o goleiro adversário. Um gol de classe, com a categoria que o público presentes não estava acostumado a ver de um lateral.

O triunfo por 3 a 0 sobre os austríacos era um presságio do que seria aquela Copa do Mundo. Após o empate por 0 a 0 com a Inglaterra na segunda partida, a Seleção acumulou quatro vitórias consecutivas, em direção ao título. Em 1962, não foi tão diferente. Aos 37 anos de idade, Nilton Santos era um verdadeiro veterano dentro de campo. Líder pela técnica e pela experiência, ajudou a Seleção na conquista do bicampeonato mundial. Novamente, um empate na segunda rodada evitou os 100% de aproveitamento.

A vitória por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia, na final da Copa do Mundo, foi a última partida de Nilton Santos com a camisa da Seleção Brasileira. No gramado do Estádio Nacional de Santiago, no Chile, a Enciclopédia se despediu da Amarelinha com a taça Jules Rimet nos braços. Detém, até os dias de hoje, o recorde de mais Copas do Mundo defendendo a Seleção, ao lado de Cafu, Castilho, Leão, Pelé e Ronaldo.

Uma lenda botafoguense

A camisa da Seleção Brasileira foi a segunda que Nilton Santos mais vestiu na carreira. Também, pudera. Ao longo de sua trajetória como jogador de futebol, o lateral defendeu apenas um clube: o Botafogo, seu time de coração. Foram 723 partidas com a camisa alvinegra e títulos do Campeonato Carioca (1948, 1957, 1961 e 1962) e do Torneio Rio-São Paulo (1962 e 1964).

Como se os números e as atuações não falassem por si, Nilton Santos ainda foi fundamental fora de campo para o Botafogo. Em um treino, teve que marcar o até então desconhecido Mané Garrincha. Atordoado pelo Anjo de Pernas Tortas,  o lateral se dirigiu aos responsáveis pelo futebol do Alvinegro. Contundente, pediu a contratação de Garrincha, para ajudar o Botafogo e para que nunca mais tivesse que marcá-lo. Juntos, Nilton Santos e o Mané marcaram época no Glorioso.

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- Ele me deu um baile. Pedi que o escalassem como titular, nunca mais queria enfrentá-lo de novo - admitira.

A eterna lembrança

Nilton Santos nos deixou em 2013, aos 88 anos de idade. Mas sua memória se faz muito presente no futebol brasileiro. Como forma de homenagear um de seus maiores ídolos, o Botafogo renomeou sua própria casa. O Estádio João Havelange, que também era chamado de Engenhão, foi rebatizado como Estádio Nilton Santos, ou Niltão, como ficou conhecido carinhosamente pelos torcedores do Alvinegro.

Na porta do estádio, há uma fileira de craques eternizados com estátuas, como Jairzinho e Garrincha. Entre eles, está Nilton Santos, com a perna direita sobre a bola, mãos na cintura e o olhar cheio de confiança e elegância que lhe caracterizaram durante sua carreira. Em Palmas, no Tocantins, Nilton Santos também dá nome a um estádio de futebol. Tudo isso sempre será pouco para devolver o que ele fez por todos os brasileiros. Mas é uma bela forma de eternizar a gratidão que o futebol brasileiro deve ter a Nilton Santos, um dos maiores jogadores de todos os tempos e um expoente do nosso jeito de jogar bola. 

Quem foi Nilton Santos?

“O moço jamais fez um truque com a bola. Só fazia arte. Nilton não era um jogador de futebol, era uma exclamação.” - Armando Nogueira

"Quando fui convocado para a Copa Roca em 1957, eu tinha 16 anos. Depois dos conselhos do meu pai Dondinho, o Nilton Santos foi o jogador que, com mais experiência, antes do treino, me chamou e me encorajou para que eu não tivesse medo e jogasse o meu futebol" - Pelé

"Quando você joga tanto quanto ele jogava, a posição não importa. Nilton Santos não era um defensor ou um lateral. Era uma estrela, simples assim." - Zito

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"Poucas coisas que acontecem em um campo de futebol poderiam surpreender Nilton Santos. Você só precisa vê-lo jogar por cinco minutos para perceber que ele sabia de absolutamente tudo sobre futebol" - Zagallo

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