Artigo do jornalista Charles Eliseu para o Jornal SP Repórter:
Mesmo com não tanta idade, prestes a completar 31 anos, vivendo todos eles na Vila Iasi, em Taboão da Serra, sou testemunha ocular de muitas mudanças na cidade.
Casas feitas na década de 60 e 70, em sua esmagadora maioria, já não existem. É um sinal de que o território de pouco mais de 20 quilômetros quadrados é cada vez mais outro.
A geração que nasceu de 90 para trás se recorda muito bem de quando a cidade não tinha o Extra, o Shopping Taboão e nem o Wal-Mart.
E para intensificar as mudanças, também já não tem o Extra, que hoje é Assaí, e nem o Wal-Mart, que já foi Maxxi e hoje é Atacadão. Tudo isso em apenas duas décadas!
Esse sentimento de alterações pelos bairros é manifesto. Nunca imaginei que veria, entre a Estrada Benedito Cesário de Oliveira e a rua em que moro, ser erguido um sobrado de mais de três andares. A vila é tipicamente residencial. Em obra, os pedreiros já estão subindo as paredes do quarto pavimento do prédio.
Se para a Vila Iasi o cenário começa a ser de mini arranha-céus, imagine em outros bairros? É, Taboão mudou e continua mudando.
Moradores antigos, como é o caso do meu avô Kovacs Josef – que veio da Iugoslávia, fugido de guerra, e na década de 1940 já era lavrador no então bairro Taboão- já não estão entre nós.
É do jornalista buscar o resgate dos acontecimentos, dos relatos. Ele vive nesse organismo vivo e mutante que é a história, seja de um município, de um bairro ou de um país.
Apesar de jovem, pude conhecer pessoas que escreveram capítulos essenciais em prol de Taboão da Serra. É o caso de Waldemar Gonçalves, geralmente reconhecido como o pioneiro do jornalismo local.
Meu pai, também jornalista e fundador do SP Repórter, era amigo e colaborador de Waldemar em seu jornal O Pirajuçara. Pensem em um homem que contribuiu para a preservação histórica: compôs o hino da cidade e escreveu dois livros que narram momentos desde a fundação de Taboão.
Para mim, no mínimo, a homenagem justa a ele seria: Biblioteca Municipal Waldemar Gonçalves. Mas isso é história para um outro momento.
É comum eu escrever sobre pessoas que nem conheci, que perpetuarem sua relevância neste município muito antes de eu nascer, como os prefeitos Nicola Vivilechio. Laurita Ortega Mari, entre outros.
E isso só é possível isso porque raríssimas pessoas como o Waldemar Gonçalves, preocupadas em não deixar os relatos morrerem, escreveram sobre esses períodos mais antigos.
Então, falar sobre a história é mais que importante, é necessário. Os capítulos que hoje escrevemos amanhã servirão de base para outros preservadores da história.
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