Foi em um contexto de vitória eleitoral, mas Bruno Covas falou, num discurso em 29 de novembro de 2020, algo que se torce para que ele estivesse certo. “Faltam poucos dias para o obscurantismo e negacionismo (cheguem ao fim)”.
Não é difícil ouvir frases ameaçadoras do presidente no sentido de que a paciência acabou. De certa forma, ironicamente, mal sabe Bolsonaro que está certo, não no sentido da consideração (por óbvio), mas na forma. Sim, a paciência acabou, mas a de todos aqueles que pensam! Não dá mais para aceitar ouvir que a cloroquina é um tratamento precoce eficiente, sem que haja a devida comprovação.
Não dá mais para engolir que a vacina contra COVID-19 fabricada com insumos chineses é uma armadilha para dominar o mundo e transformar a todos em comunistas.
O pior! Não é possível calmamente se aceitar a ausência de uma política nacional funcional de enfrentamento ao vírus, em uma pandemia que percorre seu segundo ano. Com um número de mortes que vai se aproximando a 500 mil, parte considerável da população ainda prefere se informar pelas ‘tias do zap’.
Diria alguém: “Charles, cada um pensa, fala e age como quiser”. Eu responderia que a liberdade de expressão precisa mesmo ser defendida amplamente. Mas liberdade de expressão não é liberdade de desinformação. Principal instrumento do negacionismo, a fake news pode matar. Quer um exemplo? não é incomum alguém que esteja perto de se vacinar ouvir de um pseudointelectual que a vacina “X” ou “Y” matou uma prima da tia lá de ‘não sei aonde’.
Às vezes, muitas pessoas têm dificuldade em filtrar as verdades das mentiras. Assim sendo, na situação exemplificada, elas podem abrir mão de serem imunizadas, muitas vezes por medo dos dados recebidos pelos pseudointelectuais. O Estado Democrático de Direito não sinaliza permissão para que as pessoas vomitem falsas informações que podem matar!
Aos soldados da fake news, um pedido: parem de chegar a um nível tão imbecil e baixo em nome de uma bandeira fundamentalista! Querem defender político irracional, o faça, mas tentem manter as diretrizes dentro da bolha, seja lá qual for a vertente ideológica.
Indico e prefiro fazer parte da turma que crê, fielmente, que “1+1=2” e que a Terra não é plana.
Mín. 21° Máx. 28°