Na sexta-feira 31/1, a Feira de Artes e Artesanato de Embu das Artes faz aniversário e completa 56 anos de atividade.
Inserida em quatro quarteirões no Centro Histórico do município há décadas, ela reúne atualmente cerca de 500 expositores, com artistas e artesãos que disponibilizam suas obras e produtos para venda aos sábados, domingos e feriados.
Nos fins de semana, a Feira recebe, aproximadamente, de 30 a 40 mil visitantes, vindos de várias regiões do estado de São Paulo, do Brasil e do mundo, atraídos por artesanatos, bijuterias, miniaturas, pinturas, esculturas, porcelanas, bordados, rendarias, instrumentos, roupas, objetos de decoração, cestaria, entre outros artigos.
Os expositores se distribuem próximos ao Largo dos Jesuítas, onde fica o centenário Museu de Arte Sacra, e por ruas e vielas estilosas com construções rústicas, proporcionando um ambiente acolhedor com clima de cidade do interior.
Em 2021, a Feira passou a ser considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de São Paulo em Lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Como surgiu a Feira?
A vocação artística da cidade teve origem a partir da edificação da Igreja N. S. do Rosário, hoje Museu de Arte Sacra, erguida por padres jesuítas e índios no período colonial (1690), que também confeccionaram suas obras e imagens religiosas.
Já no século 20, artistas como Cássio M´Boi, Sakay e tantos outros ajudaram a consolidar a produção de obras de arte no território junto ao escultor Mestre Assis do Embu e ao poeta Solano Trindade, que incorporou no município o tempero essencial da cultura brasileira, trazendo repertório de ritmos e danças afro-brasileiras. A partir do 1º Salão de Artes Plásticas de Embu em 1964, que reuniu trabalhos de diversos artistas renomados, a arte produzida em Embu das Artes passou a ser reconhecida nacional e internacionalmente.
A presença de artistas contemporâneos, populares e de hippies que por aqui chegaram na década de 60 ampliou a atividade artística na cidade. Assim, sob a temperatura de tempos de transformação social, mudança de padrões comportamentais e efervescência política, estudantil e cultural, nasce em 1969 a Feira de Artes e Artesanato, em frente ao Museu de Arte Sacra, articulada por Mestre Assis do Embu, que estimulou a vinda para a cidade dos expositores da então feira da Praça da República, em São Paulo.
No decorrer de sua existência, ocorreram no entorno da Feira shows como de Rita Lee, Novos Baianos, Jorge Mautner e Tom Zé, houve frequentes visitas de ilustres como Nathália Thimberg, Moacir Franco e Gianfrancesco Guarnieri, além de presenças roqueiras internacionais como do grupo The Mamas & the Papas e do cantor Mick Jagger, da banda Rolling Stones.
Outra figura que transitou pela Feira foi José Agrippino de Paula, autor do livro PanAmérica (1967), obra fundamental para o desenvolvimento do movimento da Tropicália. O escritor, dramaturgo, cineasta e diretor passou a morar em 1980 em Embu das Artes, onde morreu em 2007. Era grande conhecedor da cultura local.
E não só a tradição e a cultura popular brasileiras brotaram por essa terra, pois artistas estrangeiros também se fixaram no município, entre eles, japoneses, argentinos, uruguaios, chilenos, bolivianos, peruanos, haitianos etc., influenciando substancialmente a cena cultural embuense.
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