CORONAVÍRUS : No Equador, o aumento do número de infectados e mortos pelo novo coronavírus levou o sistema de saúde e o serviço funerário ao colapso. Uma força tarefa criada pelo governo do país há 3 semanas já recolheu mais de 700 corpos em casas e nas ruas da cidade de Guayaquil, epicentro da pandemia no país. O presidente do Equador, Lenín Moreno, anunciou medidas para superar a crise.
"Recolhemos, com a força-tarefa em residências, mais 700 pessoas falecidas", afirmou neste domingo (12) o chefe da força-tarefa que inclui policiais e militares, Jorge Wated.
O governo equatoriano assumiu também a tarefa de enterrar os corpos, já que as funerárias não estavam conseguindo atender a grande demanda. Wated afirmou que 600 mortos, todos identificados, já foram sepultados.
O Equador registrou o primeiro caso de covid -19 no dia 29 de fevereiro. Desde o dia 21 de março, o país vive toque de recolher. Atualmente, as pessoas podem sair às ruas apenas entre 5h da manhã e 14h.
O país, que tem 17 milhões de habitantes, registra até o momento cerca de 7.500 casos confirmados de covid-19, 500 pessoas recuperadas e com alta médica e 333 falecidos com a confirmação da doença. No entanto, há ainda outros 338 casos de pessoas consideradas "falecidas provavelmente de covid-19".
A prefeita de Guayaquil,Cynthia Viteri, em uma entrevista à TV CNN afirmou que não são cerca de 300 os mortos por coronavírus no país, e sim 600.
"Não se consegue fazer os testes antes, (os doentes) morrem sem fazer os testes, e não há espaço para fazer as autópsias e os reconhecimentos dos corpos. Então, simplesmente colocam nos atestados de óbito que essas pessoas morreram por alguma doença respiratória", afirma Viteri.
A cidade de Guayaquil é a mais fortemente atingida, com cerca de 70% de todos os casos de contaminação (cerca de 4 mil) e mortes do país.
Em comunicado oficial divulgado no último sábado (11), a Força Tarefa Conjunta para a Emergência Sanitária Covid-19 divulgou um documento que visa ajudar as famílias a encontrar os corpos de seus parentes. As pessoas podem procurar pelos nomes de seus entes em uma página na internet. O documento diz ainda que "se os dados da pessoa não constam nesse registro, isso se deve ao fato de o falecido repousar em um necrotério aguardando ser sepultado nos próximos dias".
Em Guayaquil, veículos de comunicação mostram a batalha de dezenas, talvez centenas, de equatorianos que buscam há dias localizar os corpos de seus parentes para poder enterrá-los.
As pessoas que faleceram no sistema público de saúde, de acordo com o anúncio, são levadas ao cemitério Parque de La Paz La Aurora, e as pessoas falecidas em casa ou em hospitais particulares são levadas ao cemitério Campo Eterno Pacuales.
No comunicado da força tarefa, o governo reconhece que houve 1.878 mortes nos últimos dias, sendo 631 em hospitais, 771 em residências e ainda 476 casos de emissões de atestados de óbitos para enterros particulares.
O próprio presidente, Lenín Moreno, reconhece que há subnotificação, tanto de casos confirmados como de mortes pelo coronavírus, uma vez que o país não tem a capacidade de testar amplamente a população.
O aumento rápido no número de infectados acabou por colapsar a rede de assistência médica do país, fazendo com que pessoas com outras doenças acabassem por falecer por não receber atendimento adequado nos hospitais. (Agência Brasil)
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